domingo, 23 de agosto de 2009

Fds em LA

Este fim-de-semana aproveitámos para descobrir alguns tesouros da cidade dos anjos.

Sábado
Começámos com uma ida aos famosos Randy’s Donuts, no “gueto”. O local estava muito calmo (ou era da hora ou afinal não é gueto nenhum…) e apesar dos donuts serem bons (a loja só vende mesmo pastelaria desse tipo, de fabrico próprio), a atracção será sim o donut gigante colocado por cima do estabelecimento, presente em alguns filmes rodados na cidade. Afinal o donut gigante é mesmo a única coisa grande no local, de resto a loja pouco mais é do que uma roulote sem rodas, enaltecida pelo glamour a que a indústria cinematográfica obriga.

Seguimos para o percurso cénico nas montanhas de Santa Mónica/Hollywood. Se pensaram tratar-se de uma caminhada, não façam confusão, “Nobody walks in LA”, portanto este percurso é na verdade a Mulholland Dr, uma estrada de 80kms, que liga a costa, em Malibu, a Hollywood. Foi desenhada para ser agradável e simultaneamente permitir o acesso das estrelas de cinema às maiores atracções da cidade (a praia e os estúdios), por isso não é de espantar que esteja rodeada por casarões, sob apertada vigilância; não há infra-estruturas de serviço público com excepção de uma grande concentração de quartéis de bombeiros, porque será... Nem as nuvens/nevoeiro conseguiram estragar a grandiosa vista que se tem destas montanhas. A sul vê-se LA, a norte os vale de São Fernando, conhecido aqui por “The Valley”, ainda que existam outros nesta zona montanhosa da costa.

No final da Mulholland Dr é impossível não reparar no símbolo da cidade, o Hollywood Sign. Um dos bons locais para o observar é o Observatório, no Griffith Park, a nordeste de LA. Para além dos telescópios abertos nas noites de boa visibilidade, um museu da ciência e um planetário (pago), o local oferece uma boa vista sobre a cidade. O parque Griffith cobre 1600 hectares selvagens e é um refúgio distante de Los Angeles, ainda que dentro da cidade. Em relação ao letreiro, vê-se bem mas infelizmente nas fotografias fica minúsculo; estou a ver que iremos comprar um postal para ter uma foto conveniente do mesmo.

Próxima paragem: Old Pasadena. Esta cidade cresceu com a migração das pessoas de Este para o calor da Califórnia durante o Inverno, originando uma combinação de criatividade e riqueza. No centro, movimentado, cheio de lojas e animação, os edifícios lembram muitos dos existentes nas cidades da Europa; claro que a largura e disposição das ruas tiram qualquer dúvida que se possa ter em termos de localização.

O centro de LA tem má fama junto dos habitantes da cidade; no fundo, transmite um pouco a imagem de cidade de vampiros, local de trabalho durante o dia, completamente inseguro durante a noite. Nós íamos a caminho de Hollywood mas não ficámos indiferentes às luzes dos arranha-céus do centro. Por isso, trancámos as portas e aventurámo-nos para o desconhecido; e ao contrário do que esperei, não vimos as centenas de sem-abrigo que povoam a cidade durante a tarde nem os temidos gangs. Embora todos concentrados em locais específicos, aqui vai-se sempre de carro até à porta do destino, vimos muita gente com ar de festa. As luzes não desapontaram mas, infelizmente, creio que as fotografias que tirei não lhe fazem justiça, requeriam maior exposição e um tripé.

Depois deste desvio, terminámos então a noite com a ida a Hollywood, visitando a Hollywood Blvd (passeio da fama) e a Sunset Blvd, “o” local de discotecas em Los Angeles. As ruas estavam num grande frenesim, talvez ainda maior do que durante o dia; afinal a noite acaba cedo e toda a gente quer aproveitar o sábado à noite. Verdade seja dita, a noite torna a zona mais interessante, dado que os pormenores menos apelativos ficam camuflados com toda o movimento e luz dos milhares de lojas e cartazes espalhados por todo o lado.

Domingo Desta vez dirigimo-nos para Sul, começando o passeio em Naples. Mas ao contrário do que acontece com Venice Beach, em que são usadas bombas para renovar a água dos canais, aqui estas operações são feitas pelas marés do Oceano Pacífico; duvido que uma marina sejam um bom lugar para dar um mergulho mas muita gente apresenta menos reticências em relação à qualidade da água a julgar pela quantidade de banhistas. Apesar de estar às portas de LA, Naples parece uma qualquer outra vila piscatória, longe do burburinho das grandes cidades.

Mesmo ao lado está Long Beach, servida de metro a partir de Los Angeles. O tempo aqui não foi suficiente para ver tudo o que a cidade tem para oferecer no entanto, o que vimos agradou. Não encontramos praia alguma mas a zona do porto está bastante desenvolvida com uma grande marina, onde se encontra o grande Queen Mary, um transatlântico de luxo inaugurado em 1927. O centro de convenções lembra mesmo o que tínhamos encontrado em San Diego.

Mais para oeste, o porto de Los Angeles é San Pedro (Worldport LA), sem qualquer dúvida, um importante ponto industrial, cheiinho de contentores. Toda a cidade fica numa serie de colinas, lembrando um pouco São Francisco mas com um toque mais mediterrânico. O nosso destino aqui era o Angels Gate, um parque no topo de uma das colinas, com maravilhosas vistas sobre o porto e um sino doado pela Coreia aos EUA. O pormenor deste sino é verdadeiramente impressionante.

Continuamos em direcção a Oeste, junto ao mar, antes de começar a subir para norte evitando assim a auto-estrada, em direcção à Portuguese Bend. O que nos atraiu ao local foi claro o nome, uma vez que a área nem sequer aparece nos guias turísticos. E apesar de todos os avisos de perigo que estão pela estrada devido ao deslizamento de terras normal da zona, não saímos desapontados. A vista da baia é linda e o local lembra um pouco o cabo da roca, selvagem; o nome deveu-se a uma empresa baleeira que este no local durante muito tempo. Com tanto perigo de deslocação de terras, um dos poucos locais onde se pode estacionar é na Wayfarers Chapel, uma capela não católica feita em vidro e sequóia, rodeada de vegetação. É muito popular para casamentos e nós chegámos mesmo antes de iniciarem um, ideal para a conseguirmos ver.

O percurso de volta para casa, bem perto da costa, no meio de bairros residenciais, lembrou um pouco a zona de Sintra, ainda que muitos pequenos detalhes nos digam que não saímos dos EUA.



Como sempre, para verem as “boas” fotos vão ao picasa.
O filme que se segue apresenta alguns dos nossos momentos deste fim-de-semana em Los Angeles; uma vez que andámos de um lado para o outro, adicionei uns mapas ilustrativos da deslocação, tudo isto ao som de City of Angels dos Ozomatly.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Luz, Camara, Acção!

É impossível vir a Los Angeles e não reconhecer o impacto da indústria cinematográfica nesta cidade. Por isso, uma das passagens obrigatórias é um estúdio cinematográfico. Apesar de existirem muitos na área, nem todos estão abertos ao público; de facto, uma das excepções é o Universal Studios, convenientemente localizado em Hollywood. Neste caso, o dono do estúdio abriu um circuito para que toda a gente pode-se ter acesso uma visão sobre este mundo, ainda que pagando uma entrada, claro.

Hoje em dia, o estúdio tornou-se um novo parque de diversões, tal como tantos outros aqui nos EUA, abrindo mesmo uma nova localização, na Florida, um pouco à imagem da Disneyland. Ainda que o tema seja diferente, tendo a indústria cinematográfica substituído o Mickey, a verdade é que estão lá as montanhas russas, as apresentações 3D, a comida e mesmo as personagens que desfilam pelas ruas do estúdio, incluindo, pelo menos, uma múmia, o Frankenstein, e uma actuação da Marilyn Monroe.

Uma das coisas que é única e se mantêm é a visita aos estúdios, Studio Tour. Uma carrinha aberta leva os turistas por várias zonas de filmagem, ao mesmo tempo que vai dando uma apresentação mesmo ao estilo americano, desprezando um pouco os factos/história em prol do divertimento. No entanto, é possível ver alguns dos cenários utilizados em variadíssimos filmes e séries televisivas da Universal Pictures, destacando-se o motel (Psico), o lago com o tubarão (Jaws), uma ponte e aldeia mexicana (para milhares de westerns), carros (com coreografia) do filme The Fast and the Furious: Tokyo Drift, cenário para o Jurassic Park, barco e ilhotas do King Kong, a queda de um avião (War of the Worlds), metro que cede a um terramoto e um bairro americano (Wisteria Lane, Desperate Housewives).

Começámos o dia pela Studio Tour, o ponto essencial da nossa ida aos estúdios, tendo rapidamente visto tudo o que estava ligado à indústria cinematográfica. No resto do dia aproveitámos para experimentar quase todas as atracções do parque. Quando fechou seguimos para a Universal CityWalk, uma espécie de centro comercial às portas do estúdio, cheio de lojas, cinemas e restaurantes.


Hoje seleccionei dois filmes. O primeiro é já o tradicional, com algumas imagens da nosso passeio pelo estúdio, neste caso acompanhado pela música de uns conhecidos desenhos animados produzidos pela Universal Pictures. O segundo é um excerto da Studio Tour, o Tokyo Drift, com a banda sonora original; creio que ilustra o que eu queria dizer em cima com a típica mistura cultura/divertimento dos EUA mas é sempre melhor cada um julgar por si.


Mais fotos estão no sítio do costume, com link directo aqui.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

San Diego

Junto ao Oceano Pacífico, mesmo na fronteira com o México, San Diego é a 2ª maior cidade da Califórnia, logo a seguir a Los Angeles, e a 6ª em termos de país. No entanto, ao contrário da cidade dos anjos que se espalhou e cujo centro está um pouco degradado, San Diego apresenta uma baixa convidativa, cheia de lojas e animação nocturna - termina tudo às 2h na mesma, não vamos pensar em loucuras… :D

San Diego tem um dos melhores jardins zoológicos dos EUA, com 4 dos 14 ursos pandas do país, para além de muitos outros animais dos vários cantos do mundo. Os pandas são muito sensíveis, o que em parte torna a visita aos mesmos única; até à entrada está o barulho normal de um parque mas dentro da área reservada está tudo em silêncio, no nosso caso em específico, a documentar o animal a comer de costas para a plateia. O zoo está separado por zonas do planeta, sendo que de África veio, entre outros animais, um rinoceronte! As áreas verdes são utilizadas para produzir a vegetação que alimenta os animais presentes. O eucalipto é umas das árvores que se adaptou muito bem ao clima de San Diego e, talvez por isso, o zoo tem um grande número de koalas! E não estavam todos a dormir quando os visitamos, alguns estavam a comer (a olhar para as pessoas) ou simplesmente a dar uma voltinha de posição!

Um dos pontos centrais do turismo nesta cidade é a Old Town, agora um parque estadual. Este foi o início de San Diego, ainda que com o crescimento se tenha construído uma nova downtown, encostada ao porto marítimo e ainda hoje o centro real da cidade. Por ter sido declarado parque, todas as casas aqui estão recuperadas com os traços e interiores o mais próximo possível do original; no entanto, nenhuma serve agora para habitação, estão todas rendidas ao turismo, quer como restaurantes/bares, lojas ou casas-museu. O estilo encontra-se bem próximo do tradicional mexicano ainda que com o tempo se tenha vindo a americanizar. Em Los Angeles existe algo semelhante, El Pueblo, no entanto este não foi declarado parque estadual e a sua dimensão é insignificante quando comparada com a Old Town de San Diego.
A cidade é um comum destino de férias na costa oeste onde nos encontramos, em grande parte devido ao óptimo tempo que dura todo o ano. Aqui, os casinos de Las Vegas dão lugar aos milhares de praias que preenchem toda a costa do condado, tornando-a numa espécie de Algarve; ou o Algarve numa espécie de San Diego County, tudo depende da perspectiva, claro.


Nós saímos de Los Angeles na 6ªfeira ao final da tarde, com a ideia de vermos as praias do Orange County no caminho para Sul. Apesar do trânsito que apanhámos (a hora de ponta aqui é diferente, vivem mesmo cedo…), ainda conseguimos ver a grande maioria das praias pelo caminho, ainda que em muitas delas não tenha sido possível fazer uma desejada pausa para a apreciar.

De regresso, na 2ªfeira, aproveitámos para dar mais um saltinho às praias do condado para além de mergulharmos um pouco na história da Califórnia, visitando uma das missões, Mission de San Juan de Capistrano (na verdade são conventos), com que os espanhóis e posteriormente os mexicanos colonizaram esta terra, ao longo da costa. Um elevado número de missões sobrevive até aos dias de hoje, ainda que a maioria sejam agora atracções turísticas, e foram o pólo de fixação de muitas das comunidades ainda hoje existentes, como são os casos de San Francisco, San Diego, Santa Barbara e San Jose, só por exemplo; Los Angeles é uma das cidades de génese diferente.